Roger Federer, uma lenda além dos números

Jogador suíço é o mais velho do famoso Big 3 e tem um legado irretocável de conquistas, recordes, longevidade e gestão de carreira

Até por uma questão cronológica, começaremos a série de textos sobre o Big 3 com Federer. O atleta suíço foi o primeiro a chegar ao circuito, se profissionalizando no ano de 1998.

Ao meu modo de ver, mais do que os números de conquistas, troféus na prateleira e o jogo elegante, o que mais surpreende é a longevidade de Federer jogando em alto nível, algo que, infelizmente para os amantes do tênis, vai chegando ao fim. O tempo é implacável.

Nas resenhas sobre tênis, porque nem só de debate sobre futebol vive o brasileiro, muitos apontam que o suíço enfrentou 3 gerações de tenistas mas, eu lhes garanto, foram 5!

Federer, ainda como calouro, amadureceu em quadra enfrentando a geração veterana liderada pelos gigantes Pete Sampras e Andre Agassi. Tal geração contava também com grandes nomes como Tim Henman e Patrick Rafter. Neste período também existia um nome inesquecível para nós brasileiros, Gustavo Kuerten, com quem o suíço travou duelos interessantes. Vantagem no H2H para o brasuca, que fez seu última grande exibição antes de ser vencido pela lesão no quadril contra Roger Federer ao aplicar um triplo 6/4 no então nº 1 do mundo em Roland Garros 2004.

O brasileiro Gustavo Kuerten mostrou que poderia ser um grande rival do suíço mas lesões impediram a longevidade desse duelo.

Durante esse período, o suíço também enfrentou sua própria geração. Tenistas como Lleyton Hewitt ( Australiano ), Marat Safin ( Russo ), Andy Roddick ( Norte Americano ) e Juan Ca

rlos Ferrero ( Espanhol ), tem em comum o fato de terem nascido no início da década de 1980, terem sido número 1 do ranking ATP além da conquista de ao menos 1 Grand Slam na galeria de títulos. Podemos citar ainda, David Nalbandian, um argentino de grande talento que foi 3 do mundo, venceu um Finals diante do próprio Federer e sempre deixou aquela impressão de que poderia ter conquistado muito mais.

O que impressiona bastante é que qualquer amante de tênis sabe bem quem foram os nomes acima citado, mas Roger Federer foi tão implacável e avassalador entre 2004 e 2007, quando disputou 13 finais de Grand Slam em 16 possíveis, venceu 11 delas, que chegou a causar a impressão que era de uma geração fraca, chamada de entressafra do tênis por alguns, em especial os fãs de seus rivais Rafael Nadal e Novak Djokovic. Um absurdo gigantesco!

Andy Roddick perdeu quatro finais de Grand Slam, todas para Federer.

E agora que citamos Nadal e Djoko, chegamos à 3ª geração enfrentada por Federer. Geração que junto a ele gerou o maior acúmulo de títulos e duelos entre jogadores que compartilharam o circuito simultaneamente na história do tênis. Embora sejam grandes rivais é preciso destacar que o espanhol nasceu em 1986 e o sérvio em 1987, ou seja, são aproximadamente 5 e 6 anos mais jovens que o suíço, nascido em 1981.

A diferença nunca pareceu tão grande justamente pelo tema principal desse texto, a capacidade surreal de Roger Federer de se manter competitivo ao longo de tantas temporadas. Mas não se pode deixar de ilustrar de forma clara que quando o suíço fez 18 anos seus maiores rivais tinham 13 e 12 anos respectivamente. Eram juvenis de destaque enquanto Federer já rodava pelo circuito profissional. Nesta geração, formada por jogadores nascidos entre 1985 e 1988 ainda existem grandes nomes que foram ofuscados como o tcheco Tomas Berdych e o francês Jo-Wilfried Tsonga que ainda beliscaram uma final de Major e habitaram o Top 5 mundial. O argentino Juan Martin Del Potro e o croata Marin Cilic conseguiram vencer um singular Grand Slam – Delpo em 2009 e Cilic em 2014 – o compatriota de Roger Federer, Stan Wawrinka com 3 conquistas desse porte além do britânico Andy Murray que, com 3 Grand Slams, 2 ouros olímpicos e 41 semanas como líder do ranking ATP, foi o jogador que mais incomodou o Big 3.

O tamanho de Roger Federer não cabe em um textão e por isso só é possível falar sobre ele em tópicos. Chegamos à 4ª geração enfrentada pelo suíço. Essa geração, formada por excelentes jogadores nascidos a partir de 1991 foi ainda mais ofuscada por enfrentar não só o Big 3 mas todos os grandes nomes que acabo de citar na lista encabeçada por Andy Murray. O canadense Milos Raonic, o búlgaro Grigor Dimitrov e o austríaco Dominic Thiem foram jovens promissores, tiveram conquistas e posições importantes e sofrem de um problema grave, o auge interminável do trio formado por Federer, Nadal e Djokovic. Ficou a impressão que essa leva de tenistas, que hoje está na faixa dos 30 anos, perdeu o timing de brilhar e agora está com idade muito avançada para segurar a geração que vem logo na sequência.

Finalmente chegamos à 5ª e última geração que Federer enfrentou de igual para igual, mesmo já tendo superado a barreira dos 35 anos. Liderados pelo alemão Alexander Zverev ( nº 3 do mundo ) o primeiro a se destacar, temos alguns tenistas que formam o grupo que vai dominar o tênis nos próximos anos. O russo Daniil Medvedev, nº 2 do mundo, hoje é o cara a ser batido e junto a outros tenistas nascidos após 1995, como o grego Stefanos Tsitsipas e o italiano Matteo Berrettini tem algo em comum: Todos foram vencidos por um veterano Roger Federer de forma contundente!

Dentre as tantas virtudes do tenista suíço, ao meu modo de ver, essa é a mais impressionante, já que mesmo com diversos avanços na área da medicina, nutrição, fisioterapia e até mesmo nos equipamentos, coisas que permitem que os atletas de hoje em dia alonguem suas carreira até os 40 anos ou algo próximo disso, é muito raro que um atleta de esporte individual consiga permanecer entre os melhores e fazendo grandes exibições por tanto tempo.

No próximo texto falaremos sobre Rafa Nadal e na sequência dessa série sobre o Big 3 abordaremos variados temas sobre o mundo do tênis. Afinal, eles vão passar, o legado fica e o tênis continua!

Escrito por Thiago Böttcher – Agência 8ponto6

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